terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Procura-se!

Comigo sim! Muita coisa boa já aconteceu depois das duas horas da manhã. Porque o que realmente importa é...

Se eu tivesse procurado, colocado anúncio no jornal, gritado na praça, se tivesse feito promessa ou pedido, tivesse eu feito preces e penitências, ou percorrido o mundo com uma lupa, não teria encontrado.
E olha aqui, agora, pra mim:
depois da caça,
caçadora.

De você, meu achado, em todos os nomes, corpos, almas e vozes do mundo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

Perder-se também é caminho.

Eu me perdi nesse labirinto, me perdi nesse par de olhos, nesse par de mãos. Me perdi no seu corpo todo, me perdendo do meu, no seu cabelo, no seu cheiro que se espalha pelo mundo inteiro, pelo meu corpo inteiro, pelos meus sonhos, meu pesadelo.
Nesse olhar maroto, me perdi, nesse jeitinho brasileiro que te preenche, nesse vazio completo que é seu ser.
De uma só vez, me perdi nessa boca que só fala besteira, no seu sono pesado, no seu papel nesse mundo. Me perdi na sua máscara mais frequente, nos seus gostos e gestos e preferências e músicas e livros e perfumes e, uma vez ou outra, na raiva absoluta por ser perdedora. Me deixei perder pelos sonhos que eu criei me perdendo por você, me perdi pelas flores que não chegaram, pelo bilhetinho naquela folha rosa de coração que não voltava e pela solidão imensa que se transformou na minha mais constante companhia, eu me perdi, perdição.
Na sua solidão, na minha, na nossa contramão. Na profundidade do teu corpo quente, que ainda não se despediu da minha alma fria.

Camila.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pureza!

O passarinho.
Os cheiros.
Pessoas,
Desejos, sonhos, segredos.
Amigos, beijinhos, brinquedos, lápis de cor.
Música, flor, coração..

tudo é muito mais lindo pelas lentes da criança.
E eu não quero perder a minha. Nem quero colocar óculos!:)


Camila.

terça-feira, 19 de julho de 2011

'Quem é você?'

Eu tô sentindo saudade e tristeza.
Eu tô deixando meus olhos inchados e meu travesseiro molhado.
Eu tô fechando a cara, evitando, deixando pra depois.
Tô pensando no que fazer, daqui pra frente, com um sorriso aberto.
Tô quase riscando um CD de tanto ouvir.
Tô me escondendo, mais uma vez.
Tô ouvindo que é assim mesmo, antes cedo do que tarde.
Tô vendo que não adianta me importar, tem gente que não se importa nunca.
Tô voltando de onde eu vim: do zero. E não é fácil ir de zero a dez. Garanto.

O engraçado é: eu estou, não sou.
Eu preciso de um norte, pra me definir, pra ser tudo e pra me fazer, acima de qualquer coisa, ser!

'...quase ninguém vê'. Nem eu vejo, mas o passo crucial me ensinaram qual é: eu quero.
Vou ser...

Camila.


(desconexo, eu sei..)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Há risco.

Tudo aqui é um risco
e eu?
sempre arrisco,
apesar de conhecer seu jeito arisco.

Tudo aqui é tempo.
Nada, é tudo
O risco
E o vento.

Em tempo,
A-rrisco.


Camila

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não ao acaso.

Há algum tempo eu dizia 'que estava em paz quando você chegou' e no fundo, bem lá no fundo, sentia prazer em anunciar aos quatro cantos o turbilhão no qual minha vida e, inclusive sentimentos, tinha se transformado.
Turbilhão que teve muitas consequências, maravilhosas e péssimas, intensas e surpreendentes e que passou. Depois de muita poeira levantada, de muito erro cometido, de muita verdade omitida e de muito prazer em ser e viver no alvoroço, passou...
'Me trouxe paz quando chegou' é o que eu tenho dito, o que eu tenho pensando e o que tenho, especialmente, sentido.
E é ótimo sentir prazer por ter o coração tranquilo e por não viver mais de altos e baixos, por viver com os pés firmes, no chão ou nas nuvens.
Viver em tal estado de tranquilidade tocou em alguma coisa que eu tinha esquecido e que provavelmente nem sei o que é, mas sei que é em mim. E eu não consigo parar de pensar no quanto as coisas que nos acontecem são nossas e o quanto é bom passar por elas. Perdão pelo clichê, mas nada é por acaso, realmente, e o propósito de cada coisa é muito mais bonito e forte do que podemos imaginar e, além disso, forte é Quem nos cuida dessa maneira, mostrando a cada dia, das formas mais inesperadas, que alguns caminhos podem valer mais a pena que outros e que, ao mesmo tempo em que há alguns que nos enfraquecem, mesmo parecendo melhores, há outros que fortalecem o suficiente para não deixar cair por qualquer vento.
E o que está acontecendo é muito simples, é acreditar muito além do que se vê e é esperar só coisas boas como resultados de tudo que não é por acaso.

Camila.

terça-feira, 3 de maio de 2011

É sempre amor, mesmo que mude.

O frio chegou aqui também. Pra mim, em mim.
Algumas coisas me aquecem, outras congelam, me transformam em pedra. Mas nada me faz pegar fogo como aquele que vivia aceso. Só que talvez seja uma questão de tempo, talvez eu precise entender que nada vai ser igual, que eu vou ter que me encaixar em outro lugar e me esquentar por outros meios. Só que ainda há calor, eu sei que sim.
Sentir frio não me incomoda, o problema é a desproteção e a tristeza em perceber que nada é o que parece e que algumas pessoas, por mais que eu acredite, não são o que parecem. Coisas ruins existem e eu, infelizmente, preciso vivência-las pra acreditar.
Apesar de. Eu tô seguindo, tô sentindo coisas novas e tô me acostumando a transformar as velhas em sentimentos cada vez melhores.
Amor nunca acaba. Amor nunca acaba. AMOR nunca acaba.
Só que sempre pode começar mais uma vez.

Camila.

terça-feira, 12 de abril de 2011

'Meias verdades, sempre à meia luz'

O tempo é precioso e eu me toquei, antes tarde do que nunca, que preciso gastar o meu com coisas boas, com felicidade e comigo, sobretudo comigo. Que tinha ficado tão esquecida por um tempo e tão escondida atrás de sentimentos e pessoas, de meias verdades e dessa meia luz, que nunca me iluminou completamente, mas que sempre teve um dom incrível pra escurecer sem dó.
De tão difíceis e tristes, certas coisas se tornam absolutamente insustentáveis, mesmo pra quem é teimoso, como eu, e acredita que uma hora ou outra o amargo vira doce.
Milagres não acontecem e o inverso é ainda pior: o seu doce pode amargar e aí, meu bem, já era, né? Quem quer piorar? Eu não quero!
Já que é assim, então, o segredo é entender, e entender mesmo, por mais que machuque, entender e tirar de dentro a força que nem mesmo sonha que tem pra fingir que não sente mais, pra não olhar, pra não querer e pra fingir pra todo mundo. Até pra você, até pra mim. De tanta força e de tanto fingir, um dia o jogo muda. E eu posso me sentir iluminada novamente, não com aquela luz fraca, mas com um sol inteiro e vazio de meias verdades.
O que eu quis por muito tempo foi atenção, foi presença, foi seu tempo, tudo que não era meu e nem eu.
E agora eu quero ser minha, sem aqueles olhares, sem aquelas saudades, sem aquilo que eu não tinha. Quero ser minha, me dar atenção, me curtir e perceber cada detalhe meu. Exatamente como eu fazia enquanto você dormia, enquanto ao fazer tudo isso, sem querer, eu me esquecia.
E eu tô gostando de me ter, de ser minha. Tô do gostando da meia luz, enquanto ela chega sozinha.

Camila

quarta-feira, 16 de março de 2011

Todo carnaval tem seu fim...

E a vida fica assim: como toda quarta-feira de cinzas.
O céu fica cinza, o chão nem existe, as portas se fecham, as janelas, violentas, batem, do futuro não se espera, o presente machuca e o passado acolhe, me escolhe e chama.
Ausência que dói, que sufoca, que para o mundo, o tempo, que escurece todo aquele colorido. Deixa uma nuvem, bem aqui, no coração.
Meu carnaval acabou sem querer, por obrigação, sabe? Por falta de samba, justo quando eu tinha uma orquestra toda em mim, justo quando eu só queria viver e morrer ouvindo essa música.
Talvez uma melodia gostosa comece a tocar, quem sabe...Não igual, nunca igual. Essa letra era a forma perfeita pra mim, pra mim e só pra mim. Perfeita e cheia de erros e castigos e pecados e dor e prazer, dor com prazer.
Agora que acabou, tô preparando meu ouvido pra gostar do que não quer e pra esquecer o quanto aquele som é que era o bom. O quanto aquele era o som ruim.
Por enquanto, antes de acreditar de novo, de querer de novo, de viver de novo, vou tirar as máscaras, jogar todas no lixo, vou lavar o rosto, trocar as roupas de festa, vou colocar as minhas de novo e lembrar, tentar lembrar, procurar por mim, perdida aqui, no que ainda sobra de você. Vou me desfazer das fantasias que já não servem mais, por conhecer de outros carnavais, não participo dos próximos.
O buraco vai fechar e eu vou entender que esse carnaval começou no dia errado, fadado a acabar, a música tocou ao contrário, a quarta-feira chegou mais cedo, chegou mais tarde. Escureceu tudo ao redor, anunciou, assustou, libertou e foi embora, como muita coisa tem ido.

Camila

segunda-feira, 7 de março de 2011

O preço que se paga às vezes é alto demais

Nada e um monte de coisas. Perdida, perdendo e perdendo tempo. Entregue. Na solidão, na multidão, algo que não se explica, que não se encaixa.
Pensamentos soltos e presos, velhas ideias arraigadas em velhas certezas, e tolas, que fazem com que um pé fique no passado e um aqui, quase no presente.
(In)certeza de que só se ama uma vez e que o preço que se paga é alto demais.
Uma doçura explosiva e cansada, de mim, de tudo, das velhas e infiéis histórias, dos velhos e infiéis desejos, das manias, recentes, presentes, insistentes.
Nada que valha tanto a pena, mas muito do que merece o melhor e não tem encontrado. Porque não deixa, porque adia, espera, ilude e aborta, um filho atrás do outro.
Disposição pra pagar todos os pecados, menos o de acreditar que só se vive uma vez. Por mais cabeça dura que seja, eu sei que há vida sempre e mais, muitas e muitas vezes e que ela começa em mim. Lá no fundo e onde somente eu enxergo. E é em mim que está o açúcar pro meu café e todos os pares pra minha dança.


Camila

sábado, 5 de março de 2011

A dor e a delícia

Tenho vivido como se meu corpo fosse todo feito de estômago e eu tivesse morrendo de fome todo tempo. Um vazio profundo por todas as partes e em inúmeros momentos, na solidão ou na multidão.
E aí? E aí sou eu que pergunto. Como será que faz pra sair disso? O que será que falta, quando parece que já tem tudo. Porque pensar na minha vida, nos meus supostos problemas, na minha merda de vontade que nunca é satisfeita, me deixa tão triste, triste, triste e triste. E eu já to cansada de disfarçar essa fome e ninguém mais acredita que eu não sinta. Tá tão nítido, qualquer um percebe, até eu mesma percebi.
Tem mil pessoas falando por mim, pra mim, de mim, de você e me deixando maluca. Maluca, sabia? Porque o problema não é mais acreditar, saber, querer, odiar ou amar. O problema é bem mais embaixo, queridos, o problema é que mesmo que eu saiba o que eu preciso, e olha que eu não sei, eu não tô sabendo fazer. Eu não sei, ué. Será que era pra eu ter vergonha disso?
Mas eu já tenho tanta coisa, não tem espaço pra ficar sentindo vergonha como uma virgem de quinze anos. Eu nem tenho mais quinze anos, tô quase chegando aos vinte e dois e aqui: perdida nessa vida e nesse mundo e nesses sentimentos e em mim, principalmente em mim.
Tenho infinitos e infinitos momentos cheios da mais perfeita consciência e de prazer, de libertação, de alegria, de paixão, de certeza, de desprendimento e de paz, muita paz. Entretanto, há outros infinitos momentos de perturbação, inquietação, medo, angústia, ansiedade, nos quais eu me sinto uma, praticamente, fugitiva. De mim, das minhas atitudes, do que eu ouço, vejo e de tudo que eu preciso fazer. Fujo, literalmente até, pensando que assim posso me manter segura. Só que eu estou em mim, né?! E daqui eu não saio, moro sozinha e acompanhada, por todos esses infinitos, infinitos e infinitos sentimentos.
É lógico que eu sei que é um desperdício, que eu devia agradecer mais e dar um jeito na vida, ficar mais feliz do que triste e tudo mais, você já falou e eu mesma sei, o problema aqui não é lucidez. Lúcida eu, ainda, tô, saber eu sei, e também acho insustentável.
Ainda não é hoje que a minha fome vai passar, eu tô comendo a coisa errada e não tô encontrando a certa pra vender.
Só que quem sabe uma hora dessas, sem muito procurar, sem muita esperança, eu me deixe preencher, não é?
Já fiz isso algumas vezes e, espero e acredito, ainda lembro o sabor.

Camila

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Armas químicas e poemas

Minha vida parece a de outra pessoa e eu não sei se consigo ser a mesma.
Parece que eu dei uma pausa infinita e que não sei mais fazer tudo correr, eu ouço coisas que me paralisam, vejo coisas que não acredito e penso em milhares de outras, tudo ao mesmo tempo.
Minha vida parou, meus atos, meus dias, tudo parou. Mas minha cabeça, minha querida amiga de todas as horas, não para, não para um minuto e me enlouquece.
Lágrimas e sorrisos, ódio e amor,presença e ausência, medo e certeza, bem e mal, verdade e mentira, saudade e alívio, muita tristeza e alegria, armas químicas e poemas.
Assim como minha cabeça não para, meu coração não para de se dividir, em milhares e milhares de pedacinhos e cair por aí, perdido e sem saber o que sentir.
Cedo ou tarde algumas coisas têm de acontecer. Minha cabeça vai parar, minha vida vai andar e meu coração vai sentir de novo, o que deve e o que não deve, mas vai sentir.
Vou conseguir avaliar cada detalhe de tudo que anda acontecendo e seguir em frente, da melhor maneira que eu puder. É nisso que eu devo acreditar e é isso que importa.

Camila

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Solidão, que nada!

Domingo. Primeiro dia da semana, primeiro dia de vida nova. E que vida boa, venho agora a saber.
Aquele lugar pequeno, frio e vazio me fazia ter medo do que viria e de quem viria. E quem veio, de repente, naquele mesmo dia? Alguém que de algum modo eu já conhecia e que, desde o primeiro dia, é o que se chama de melhor amiga.
Um rápido telefonema, uma quase intimidade, um até amanhã e uma noite, por mim, não dormida.
Depois, um ‘oi, tudo bem?’, um abraço, dois abraços, três abraços e aí está a melhor amiga que esperava tanto encontrar.
O encontro foi pleno, com cara de reencontro, o lugar pequeno e vazio se tornou grande e cheio, cheio, cheio de amor, de cumplicidade e de alegria.
Minha melhor amiga, ou irmã, ou companheira, ou melhor: minha tudo isso e mais um pouco, tornou cada dia melhor do que eu imaginava que poderia ser, tornou a realização de cada sonho um pouco melhor, tornou os problemas pequenos e as alegrias enormes.
Os dias seguintes àquele foram dias de conhecer, de aprender, de entender e de, rapidamente, saber cada detalhe no olhar, nos gestos e no silêncio.
Foram e são dias de chorar e rir e chorar de rir, de dividir as maiores besteiras do mundo e as coisas mais sérias, dias de dividir, dividir e multiplicar tudo, fazendo com que cada um que, de longe, olha perceba ali algo verdadeiro.
Quem chegou naquele dia, chegou pra ficar. Trouxe família, amigos e sonhos, trouxe tudo pra passar a vida inteira aqui. Veio e ficou por ser capaz de ouvir sem julgar, de entender sem concordar, de alegrar, de confiar e respeitar e, sobretudo, veio e ficou por não a ter conhecido e sim, reconhecido. Por ser, entre tantas outras, a capaz de ser diferente e ser especial, desde sempre e sempre mais.
Solidão? Que nada!
Muitos telefonemas, muita intimidade, saudade, amizade, segredos, conselhos, verdades e muitos outros abraços.
- Até amanhã às 20 pras 8, tá?


Camila

Dois em um

Talvez, e só talvez, porque eu quase nada sei, mas muito desconfio, como já diria alguém por aí, talvez mais que amor, que respeito, carinho, que cuidado, sensibilidade, que a companhia, que o ombro, os ouvidos, o corpo todo, a presença, talvez mais que qualquer coisa, a confiança seja a base e o que há de mais necessário em um relacionamento, qualquer que ele seja.
Confiar e se entregar de olhos fechados a alguém é o que há de mais puro, de mais verdadeiro nas pessoas, é simplesmente ter certeza das intenções e, principalmente, das atitudes alheias e sentir-se absolutamente seguro em qualquer circunstância.
É muito mais fácil que o amor, o respeito, os carinhos, cuidados e sensibilidade sejam demonstrados plenamente em relações cujo sentimento preponderante seja a confiança. A companhia, o ombro, os ouvidos e a presença tornam-se infinitamente melhores vindos de alguém em quem se confia e que, ao mesmo tempo, retribui com confiança, fazendo com que tudo aconteça de um jeito melhor.
Que os meus relacionamentos, de qualquer espécie, sejam baseados nela. Que é tão necessária, tão graticante, nos faz tão leves e normais. E que, se não todo mundo, a maioria das pessoas cultive relacionamentos assim. É tão bom se entregar completamente pra outras pessoas, mas tem que ser de verdade e por inteiro. Pra nada ficar incompleto.


Camila

domingo, 30 de janeiro de 2011

Triste é não chorar

Obrigada por não chorar. Obrigada por tudo. Obrigada por não chorar comigo, nem com você. Obrigada por não saber, por não dizer, não fazer.
Obrigada por não...


Camila

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

No escuro

Só. Só escuro. Só no escuro.
Obviamente tem um botão, sempre tem um, pra eu apertar e acender, ascender. Mas o que parece é que eu perdi o rumo, do botão, de muitas coisas.
Muita gente pra ouvir e nada pra falar. Muita, muitas coisas pra falar, muitos gritos, desabafo, ninguém pra ouvir. Só.
Se hoje me pedissem pra resumir minha vida, o mundo, as pessoas, eu diria que é tudo uma porra, tudo uma merda, tudo um pé no saco. Eu sou um pé no saco, no meu saco. No seu saco. Diria que é tudo hipocrisia, mentira, diria que eu entendo disso só porque eu tô pensando na merda de um conto de um autor que eu adoro. Porque eu sou a merda e o plágio e não o conto, o conto é bom pra cacete.
Diria que a vida é uma censura, por mais livre que eu, que você, criatura, pense que sou. Porque não se pode dizer completamente o que se pensa, porque verdade sempre gera problemas e problemas, daí você cansa e engole a seco o que queria gritar, engole, engole, engole a força, só pra amenizar a situação. E não é hipocrisia? A gente passa a vida engolindo, pra matar a sede, a fome, pra sentir prazer, pra evitar confusão. Confusão? confusão é não poder ser de verdade, não poder falar, falar, falar e enlouquecer, não poder simular um orgasmo na praça, no clube. Ah, é. Não se pode falar de orgasmo também, de sexo, drogas, ninguém pode gozar, gozar a vida, não sem ter que contar meias verdades e uma meia duzia de mentiras inteiras.
Ninguém pode dizer que tem raiva, que não tem paciência, que não quer ouvir, que quer só gritar. Mas eu diria, eu digo: raiva, impaciência, gritos, solidão. Só e escuro. Coisas que não dão certo, coito interrompido. Frustração. Saudade. Lentidão.
E um dia de revolta, que não faz mal a ninguém...

Camila