sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Inversão de valores.

Faz tempo que certas coisas me chamam a atenção e, confesso, algumas delas me assustam e incomodam. Um bom exemplo disso é o tom vulgar e banal que algumas pessoas atribuem ao amor. Muita gente faz isso, aliás.

Julgo incompreensíveis certas atitudes e praticamente impossível encontrar sinceridade na maioria delas. A rapidez com que se ama e deixa de amar excede a normalidade, ultrapassa os limites de qualquer um e nada mais é, do que uma maneira banal de lidar com algo que é tão complexo. Amar não é como escovar os dentes, pelo contrário, requer muito mais dedicação.
Sinceramente, não consigo fazer com que certas ideias se encaixem: como pessoas que eu mal vejo, que mal conheço podem me dizer um "eu te amo" de repente, sem mais nem menos, no meio de uma rara conversa e em meio a tanta formalidade e falta de intimidade?!Um namorado (ou namorada, porque essas atitudes não são exclusivamente femininas não!) por mês e ama loucamente todos eles. Custo a acompanhar...

Não sei bem o motivo, mas o fato é que o amor está banalizado e, cada vez mais é assim. Acho que as pessoas se esquecem que falar sobre o amor que diz sentir é a parte mais fácil da história. Difícil é ter atitudes que realmente demonstrem esse amor; difícil é amar nos mínimos detalhes; difícil é fazer com que o amor resista ao dia-a-dia e à rotina; difícil é falar e viver o amor.

Quem fala de amor com tanta facilidade deveria lembrar, ou entender, o grau de comprometimento que essas palavras trazem. A partir do momento que você diz amar o outro, algumas expectativas são criadas: em cada pequeno gesto, cada olhar, cada carinho, a cada dia e sempre mais o ser amado espera provas do amor que ouve. Espera que o amor falado se manifeste na forma de ações e no comportamento de quem ama.

Às vezes sinto como se algumas pessoas usassem o amor como uma válvula de escape;como uma desculpa para agir como bem entender. É como se você pudesse cometer todos os erros possíveis durante o dia: pode ser ríspido, tratar mal. Pode ofender e até agredir. Não precisa de carinho, nem gentileza, nem precisa provar nada. Basta chegar e dizer que ama, virar para o lado e dormir. Isso não vale nada, meu bem. Não para mim. Não para muitos.
Posso facilmente contar nos dedos o número de pessoas para quem eu falo sobre meu amor, posso contar facilmente o número de pessoas que amo. E eu tento, da melhor maneira possível, provar em cada gesto o amor que digo e realmente sinto.

Acho que amor precisa disso: de tempo, de dias juntos, de certeza, de vontade, dedicação e verdade. E precisa também que as pessoas vejam que mais vale demonstrar amor do que falar sobre ele. Palavras não são tão boas como as atitudes de alguém que, realmente, ama.
Há, na verdade, uma grande inversão de valores e o que realmente importa é deixado para trás.

Camila

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