Eu não tenho mais certeza sobre minhas escolhas. Não sei mais se escolho, sou escolhida ou deixo que façam isso por mim. É claro que uma decisão diferente muda todo o caminho e o destino final, mas será que tem um dedo meu em cada uma dessas decisões?
Não lembro de ter escolhido nascer e nem fazer parte da família que faço. Apenas não me recordo dessa escolha que, feita por quem quer que seja, é, talvez, uma das melhores da minha vida. Meu nome então, parece ter sido a escolha de uma geração: metade das meninas da minha idade que conheço se chamam Camila (claro que "metade" é só pra não perder o costume de ser hiperbólica). Isso tudo porque nossos pais eram embalados pela mesma música: "Camilaaaaaa, ô Camilaaaaaa".
Não optei por viver longe do meu pai, ninguém perguntou se era isso que eu queria, se era assim que eu queria crescer, se era assim que eu queria viver...
Nunca fui questionada em relação a ter ou não irmãos, sou filha única por falta de opção. Embora não me sinta tão a vontade hoje pra dizer isso, já que meu pai tem três outros filhos.
Já morei em tantos lugares e nunca decidi nenhum deles...Franca, Cássia, Ribeirão-Preto, Cravinhos e Araraquara. Bom, acho que morar em Araraquara foi uma escolha mais minha do que de qualquer outra pessoa, mesmo com uma enorme ajuda do destino e sei lá mais o quê.
Não escolhi frequentar a escola pela primeira vez, quando morava em Ribeirão. Mas estudar na Dó-Ré-Mi foi uma boa escolha, era divertido e eu deixei muito de ser o bichinho do mato que era, depois de lá. Já a segunda escolha e escola não foi uma boa ideia, Carmem Massaroto, não sei ainda pq me lembro dessa fase: a escola era longe, eu tinha que acordar cedo, era ruim e o pior de tudo...eu lembro exatamente do quanto me sentia sozinha lá.
Alguém me ensinou ou me escolheu pra ser católica, fui batizada, fiz primeira comunhão, crisma e nunca fui me inscrever nessas coisas. Fui escolhida, por Deus, quem sabe.
Morar em Cravinhos, estudar no parquinho da Vanda, ser a criança mais timida do mundo. Nada faz parte dos meus planos. João Nogueira, conhecer pessoas que eu convivo até hoje, ser taiobinha e oradora da turma, não fui eu quem planejou.
Souza Campos. Carta elogio. Representante. Boi. Bruno. Camila. Marisa. Rafaela. Eu nem sabia que poderia ser assim, como poderia então escolher!?
Eu trabalhei na Biblioteca por acaso, fui chamada pra participar da seleção pra trabalhar no Fórum, em Cravinhos. Passei. Daí pra frente mais mudanças, menos escolhas.
Maturidade. Miguel. Thiago. Fim.
Mocinho. Não escolhi e acho que nem fui escolhida. Isso foi de repente, foi coincidência, foi, acima de tudo, sorte. E felicidade por ele ser tão especial quanto é. Eu saberia bem menos sem ele, sorriria bem menos sem ele...
Pra prestar vestibular, precisava de cursinho e, talvez, essa tenha sido minha primeira escolha de verdade. Escolhi bem. Japa, Abner, Tati, Junior. UNESP. Letras. Vi, Ná, Ká,Bia, covinhas, mais pessoas, latim, espanhol. Não escolhi ter amigas como tenho agora, nem passar por momentos felizes como passo, nem morar sozinha, nem gostar de novo de uma pessoa, nem ser tão paciente e ser forte como acho que sou hoje. Não escolhi perder o que tô perdendo nos últimos dias, mas ganhar sempre, eu sei, é impossível. Não são minhas a maioria das escolhas, mas eu sei que devo agradecer a quem escolhe por mim: seja minha mãe, minha família, meus amigos, o destino ou mesmo Deus. Eu tenho sorte por ser quem eu sou e ter o que tenho.
Cá
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